sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Pompéia.

Hoje fez um ano, desde a primeira vez que transamos. Só mulher lembra esse tipo de coisa? Na verdade eu só lembrei porque depois de você foi muito difícil voltar a vida real. É curioso porque falamos que não gostávamos de sexo casual e esse foi. E depois tiveram mais. Não mais casuais. Também não combina com a gente. Sendo você uma pessoa reservada e mesmo eu sendo descarada, as vezes. Afinal quando se quer muito, o descaramento tem que se fazer presente, caso contrário, passa. Enquanto você falava sobre coisas que eu não conhecia muito bem, como se eu conhecesse muito bem, eu conhecia você. Quando sorria, eu corria pra dentro de você. Quando eu fechava os olhos, o mundo parava, a retina brilhava e eu já não sabia como seguir. Andava amortecida de carne e poros. De poesia. Minha luz andava falhando, ainda bem, seria pior se a fé faltasse. Entre sons e ruídos, adoramos o silêncio. Amo o seu tom de voz, baixo. Entre cortinas, cachorros e amigos, entre promessas. Abrimos. Paredes e pulso. Antes que eu esqueça o seu cheiro é algo deliciosamente sexy, seja por essência comprada ou composta por pele. A nossa. Só de pensar, aqueço. E se tem pele, tem cheiro, quadros, palco, você e eu. A.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Laranja é a cor mais quente

Estávamos entrando no carro e eu disse que a tarde tinha ido, assim como num impulso, assistir o filme “Azul é a cor mais quente”, Arieta olhou pra mim e disse: O Antunes achou esse filme pornográfico. Tudo bem se esse Antunes fosse o pai, mas esse é o Filho, um dos caras mais geniais e ousados do teatro brasileiro. Antunes Filho já é um senhor, mas conserva a veia dos destemidos e transgressores homens da arte. E esse papo foi a deixa que eu queria pra falar de azul. A vida da personagem principal Adele é o retrato sem sal dos adolescentes básicos. Sem emoção, vida comum e com uma rotina enfadonha, que o diretor faz questão de enfatizar. Até aí tudo bem, uma menina normal. Mas só piora, Adele faz cara de paisagem quase o filme inteiro, ou chora e as vezes fuma. Parece perdida e deslocada sempre. Ela esta ali, mas a alma não esta. Isso é evidente do começo ao fim. Sim Antunes, como você eu achei que as cenas de sexo beirou a pornografia. Entenda, não que o sexo entre mulheres deva ser morno, mas plasticamente o excesso de verdade fica de mau gosto. Sem dúvida o diretor imprimiu a sua visão machista do que seria o sexo entre duas mulheres, achei invasivo fisicamente. Eu que não sou nada pudica, e gosto de sacanagem, mas em cada minuto da cena, que inclusive era super longa, eu afundava no cadeira, só que de constrangimento. Seria interessante talvez menos sexo explícito e mais desafios da personagem?! Um longa longo que podia poupar tempo do público quando já não tinha mais nada a dizer. Ok, é tocante, perder um grande amor e ter que ouvir que você é a melhor, mas é com a outra que ela vai ficar. Enfim, mas uma vez o esteriótipo das lésbicas boys com lésbicas girls e todo aquele amor. É, realmente azul não é a cor mais quente.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Com fé.

Foi assim: mesmo gostando de números ímpares, 2011 foi o pior ano da minha vida. 2012 foi insosso do começo ao fim, e 2013, confesso era a minha esperança. Conheci a pessoa mais especial da minha vida, eu. Não se trata de egocentrismo, vai além, trata-se de saber sobre a pessoa mais constante da sua existência, você. Assim sendo e sabendo você esta apta pra conhecer o outro. Descobrir-se em você mesmo é um trabalho árduo, há nisso tristeza e alegria, medos medonhos e sonhos claros. Há também poesia. Foi um ano inspirador, gerei, beijei, amei, fiz, desfiz. Descobri recantos e encantos em mim e no outro. Senti coisas pela primeira vez. Senti uma manada de elefantes no estômago. Uma emoção tão forte que minha alma vibra e em seguida tira a sua pra dançar. E eu amo dançar Bowie com você e depois voltar pra casa a pé e abraçadas e bêbadas e tudo tanto. Acho gente feliz chique, eu sei que a vida não tá fácil, mas com fé a gente vive. E eu tenho. 2013 se despe e se despede e eu continuo aqui. E quero ficar aqui por muito tempo, muitos carnavais e outros outonos. Confesso que minha alma antes nua, tem usado nas noites de frio jeans. Cuidei e fui cuidada, joguei imagem e ação sem roupa e abri meu coração pra um desconhecido de meia idade. Ele tinha lindos cabelos grisalhos e um olhar edredon. Eu gosto dele. Acho que tenho aprendido a gostar mais na mesma intensidade de gostar menos, jamais não gostar. Para o não gostar, eu prefiro o não existe. Desconheço o mal e reconheço o sorriso puro, largo. E para você ano, eu deixo o meu melhor sorriso. E assim, foi.

sábado, 23 de novembro de 2013

Mia.

Fome e medo. Esses são os primeiros sentimentos que você sente. Medo do futuro e de como será a sua provável relação mais intensa e duradora, que vai ter rasgar a alma, fazer rir, fazer chorar e mesmo assim você não vai conseguir viver sem. Não é uma pessoa a toa, que você enche o saco e manda embora, é a sua pessoa, você a fez em parceria. A alma vem pronta, aberta para evoluir, mas ao menos um sorriso seu terá. Uma dádiva da vida, onde você será diva. Prepare-se para noites em claro, antes por choros, anos depois por risos. Não, os risos não se aplicam a você, afinal você estará tensa, faz parte do pacote. A propósito nunca mais você será a mesma, sabe disso e gosta. Algumas sonham com esse momento, outras nem pensam, as mais radicais não querem nem ouvir falar nas possibilidades. Tem moças pra todos os gostos, coração. Pense na vida interessante que você irá mostrar, aqueles olhos atentos e curiosos, que se puxar ao pai serão olhos de mar. Se puxar a mãe será feliz. A grande herança, o legado deixado, a fé, a pluma, um filho de sol. O que será que é, será, seja em Tóquio, Berlim ou na Praça do Derby. E até ver o joelho brotando de você, terá como aliada os sonhos, a imaginação e a paciência. A sua primeira cor será amarelo, pois é o novo preto e realmente não fica muito adequado para esse ser de poucos quilos uma camisa preta do The Doors. Outra coisa importante desde o casulo é apresentar coisas bonitas e boas pessoas. Sim, não tem problema se terá dois pais, duas mães, duas mães e um pai ou uma mãe só. Até porque só, depois daquele dia, de desejo e de tesão, que sucederam outros dias, você não estará. Sobre a fome, agora são dois.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Troco um beijo por uma Heineken

E foi assim. Não necessariamente o amor, mas um bom sexo pode estar logo ali do lado, ou mesmo no andar de baixo, ou mesmo num bloco de carnaval. Sim, necessariamente sou movida a desejos, os meus que se entranham com os que miro e pra minha sorte e quem sabe azar o deles me miram também. Por incrível que pareça, uma cidade concreta como a que escolhi, tirou o concreto da minha alma, varreu poeiras e me permitiu exercer a minha fraqueza com a maior delicadeza e a liberdade de ser quem eu sou e do que sempre quis ser. Existe um oceano, dependendo da coragem um lago, que separa o que você é e o que você queria ser. Isso serve para todos. Nos meus inconstantes anos de vida e não sei ainda os quantos me esperam, mas que muitos sejam, porque viver é sempre ainda a melhor escolha, ando brejeira e verdadeira. O segundo momento, é o segundo ato, mesmo não gostando de números pares porque me cheira a caretice. Pra minha sorte, os iguais andam cada vez mais próximos a mim. E juntos somos insuperáveis. Uma manifestação por você, ele, eu, ela, nós, eu e ela. Acho que faz parte se perder por um tempo, dias, horas, mas é obrigação quase um decreto na cidade de concreto se achar. Ainda prefiro o preto ao amarelo que dizem que é o novo preto, e sim tenho preferido a quarta que dizem que é a nova sexta. E também, devo acrescentar que nada mais, ninguém me mete medo, porque depois de você perder o seu medo de você mesmo, descobre- se poder voar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A.

Pode parecer um sinal, se é que você acredita em sinais, mas conhecer alguém no seu lugar preferido, o lugar que fora de casa é a sua casa, seu templo, deve ter algo de divino nisso. É lugar que abraça a alma com tanto carinho e espreme os seus sentidos de tal forma que a vista embaça. Foi assim, são assim os bons encontros, coisas em comum e caminhos leves. Mas ali naquele dia, meses atrás, ninguém, nem nós, em nada apostaria, como todas as despretensões que sempre guardam as melhores surpresas, taí uma palavra guia, despretensão. Falando em palavra, a nossa palavra preferida em comum é palavra e a nossa palavra não comum não tem letra. Pode parecer, e sei que parece e faço questão de te dizer, lembro ainda do tom dos seus olhos e do cheiro do seu abraço, tinha um laço, invisível e discreto, assim como devemos ser, só assim nos temos e não tememos, nada nem ninguém. Dessa forma somos um segredo íntimo e cru, se o nosso amor tivesse um tom, seria nude, assim como os tons que gostamos nas nossas fotos, que ainda não estão amareladas pelo tempo e que não sei se um dia estarão. Gostaria que sim. Você também fica linda sem maquiagem. Quando uma mulher consegue esse feito, é apenas a alma refletindo em pele e por vezes pelos, o que não é o seu caso. Ainda sobre maquiagem, o mundo anda atolado de mulheres feias sem maquiagem e maquiadas, isso inclui a cafonice da existência, só pra constar. No mais sigo respeitando os meus sinais e confesso, não tenho me arrependido. A.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Pelos.

A música de fundo é Los Hermanos. Não sou uma grande fã da banda, mas eles tem o seu valor, 4 barbudos juntos vão além. Nunca duvide de pêlos e peles. Duvide de cheiros. A luz lá fora é sol. Aqui a cor é azul. Não é a minha cor preferida, pra mim azul é uma cor educada, se fosse gente seria aquela amiga que nunca tomou um porre. Ainda não sei se gosto. Acho que não. Não gosto do óbvio e de tudo mais que vem dele. O tempo anda sendo paciente comigo e na medida do possível tento na frente dele me comportar como uma exímia boa moça, mas basta ele virar as costas que a maré vira. Aliás as costas é algo que aprendi a dar recentemente. Outras coisas aprendemos bem cedo. Me refiro no momento seguinte a perder o ar, aquelas velhas lagartixas no estômago. Aqueles antigos sonhos de crepon, aquela ânsia, aquela noite, aquele dia, aquele grito, a que ele disse, amargará. Amargo só ao amanhecer e no seu devido lugar. Agora é hora, já já "simbora". Admito que atraquei nesse cais, mas o trem me chama e eu vou "mimbora". Eu volto, agora, na hora, quando for, quando não houver mais dor. Voltar sempre, mas por alegria, não era isso que você queria?

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Para mim, sobre você e nós.

Pegamos a sessão das 16hs. O filme escolhido depois de uma unânime escolha foi Elena. Fazia calor e fomos a pé, caminhando na cidade de São Paulo, o que se tornou um dos nossos grandes prazeres: a cidade de São Paulo e fotografar ruas e nós. É engraçado, estar com ela do lado e Elena na tela, já foi o contrário. Mas não é sobre minha felicidade leve que venho falar, é forte o que quero dizer, é sobre ser, exercer e voar. Quer coisa mais difícil do que isso? O vício, o verbo, o exagero, o ato , fato constante na vida dos que trazem cicatrizes, aquelas de gilete e aquelas de olhos, de almas, de choros, de nãos. Me refiro aos que tomam porre, os que não tem medo de dançar descalço num quintal de uma casa ouvindo ódara, aos que choram em dupla e riem em dueto. Porque só quem não tem medo de viver o não óbvio vai além, a não ser que obviedades sejam fundamentais pra esse ou aquele, aí esse ou aquele me dão vertigens e no máximo na vida trocaria meio dúzia de palavras num consultório de dentistas. Sim, tenho andado meio cruel. Não, é que em tão pouco tempo e com uma certa boa vontade tanta coisa em você pode mudar, tanta coisa vai por água abaixo, tanta coisa é tão pouco e tanta coisa é quase nada. É assim, assumindo o que é, disfarçando o que não é e traduzindo o que pode ser, que a vida meu amigo sucede. Como é bom ser o que se é, como é bom se arrepender, duvido daqueles que não se arrependem, eu por exemplo me arrependo de tudo que fiz ontem, mas hoje não e amanhã também não. E depois sim. O que importa é que sou protagonista e antagonista da minha prosa. O que importa é que somos rimas. E como fazemos bem, felizes. Ah, na volta pra casa, ela me deu o novo livro do Leminski.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Na beira.

Me refiro aos corajosos, são para eles que escrevo. São neles que me espelho. Não é a coragem de um abismo, nem a vitória. É tudo mais simples, é uma roupa que te cai bem nos dias frios. É o edredon encardido. Lançar-se. Sétimo ato. Arriscar a pele e o pêlo pelo outro. Mas quem salva a sua? Conselhos de chaleira aos amigos infinitos. Aquela bravura e a propriedade de sentimentos, sempre carregados de discernimento. Mas no fundo, o organismo é covarde, quer prova maior do que um telefone insistente? Sim, meu caro é de grande covardia abrir a porta durante minutos e dentro desses minutos não se arrepender e fecha-la. É franqueza plena, a acomodação por vício e pena. É preciso sentir força, mas de dentro. Dá a cara a tapa e a boca ao beijo, ao queijo e ao desejo. Busco a ousadia, acho que nela consta porcentagens de coragem e aflição. A cena final e mais importante, saiba você, é saber de você. Aonde pode ir e com quem. Quando você fala e a quem. E além. Para mudar, para voltar, para ser o que há, para flutuar, para pirar. Por falar nisso, tanta coragem tem os pirados. Ato oitavo. Agora é hora de reverter, agora é hora de ter. Buscar dignidade, burlar medos e caminhar e dançar e trepar e voar e ar e ar e ar. Ar para mim, para os covardes, para os enfermeiros e para ele, não para ela. Mentira, ar para ela. Minha coragem contém 5 gramas de generosidade. No mais continuo sonhando com os corajosos, o problema é que minha coragem íntima tem passado dias de calor. No Recife.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Em primeira pessoa.

Provavelmente será o seu caso mais infinito. O problema é quando ele fica constante. A questão é quando ele fica vibrante, a dúvida é quando ele fica começo. Não gosto de recomeços até porque não acredito, acredito sim, em pausas, inicio e meio. Jamais em fim. Fim é o começo da próxima novidade. E o começo é a porta ao lado do fim. Ambas devem estarem sempre abertas, permitindo a circulação dos sentidos, dos ventos, das flores e cores. Há de não esquecermos dos vícios, eles permeiam o infinito e com força viram realidade no finito. Aquele dia começamos a sorrir, no outro andamos de patins e 487 dias depois, fumando um cigarro, decidimos partir. É o fim? É só ir. Nos meus finais felizes, quero substiuir o the end. Na ânsia da pele quero deixar o até breve. É tão mais íntimo até logo. A propósito gosto de intimidades, as de fogão e de lençóis. Não sei se é bom ou ruim, mas assim sendo, sigo. E seguir assim percebo o outro e principalmente a mim. Numa tarde, ela atravessava a rua. Eu do outro lado. Ela vinha e eu ia. Eu olhava os muros e ela o farol, seria o fim do inicio? Não. Seria contudo o inicio do sim.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Para João e Maria.

É perdendo que também ganhamos. Ganhamos lucidez e coragem, perdemos cabelos. Se vai é porque nunca foi nosso e se nunca foi nosso, no fundo não queríamos de verdade ou até queríamos por fantasia, as de carnaval. Porque o que é de verdade não se perde, fica. Os mais românticos diriam que não era pra ser. Eu diria já vai tarde. Na cena da perda, deve ter uisque ou vodka. Bebidas fortes fazem parte do cenário e se puder tenha um canário, que foi deixado na divisão, como naquele velho samba canção. Lágrimas a postos e uma agenda de telefone capacitada para te dar bons conselhos. Sem dúvida a maior dor é perder quem se ama, seja tio-avô, avó, irmão ou prima, mãe é outra coisa. Se for um par dói também, mas esse tipo pode ser facilmente comparado a perder um bicho de estimação que depois de um tempo você terá outro. E assim segue a vida. A perda é ampla, vai do que se vê ao que se sente. Não perca dignidade, a não ser, claro, que você nunca tenha tido. Se o seu amor próprio fraquejar, olhe no espelho e passe batom. No mais aceite as idas e celebre as vindas. Aquelas de sempre, aquelas de nunca e principalmente aquelas que virão.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Experimente vida, a sua.

Que tal experimentar a vida? Não essa de costume, a vida que você ainda não sabe. Quando tudo começou você não sabia de nada, nem de onde vinha, nem para onde ia. Quando tudo começou, você, eu e ele, éramos todos só desejos. Sem formas, líquidos. Pode ser assustador experimentar, mas também pode ser assustador tomar rivotril e sangue. Depende da sua disposição em lançar-se. Viver também uma outra vida, pode exigir simplicidade ou vaidade, mas isso tira-se de letra, o importante nisso tudo é o êxtase derradeiro, o afago no amâgo dado por alguém de perto, íntimo, tu. A vida dos outros, tem protagonista, no máximo nela, se tiver sorte você será o antagonista, nunca o mocinho, nem a mocinha, esses são facilmente esquecidos na primeira tempestade. Não me entenda mal, nem saia por aí distribuindo descasos, seja caso e case, mas não precisa sorrir sempre, porque as vezes sorrir por dentro é melhor. No mais, troque a Europa em julho pelo sertão nodestino, seus olhos verão no verão verões. Seja audacioso. Mesmo amando jazz, um dia dance axé, só pra saber a sensação que milhares tem. Beije amigos e não passe tantos outonos sem vê-los. Não se acomode. Nade. Contra a maré e a favor da corrente, correntes as do bem, essas. Pixe um muro. Toque a campainha do outro e principalmente a sua. Tente, no mínimo pode dar certo. E com fé dará.

sexta-feira, 1 de março de 2013

A medida dos sonhos.

Sonhar não é devaneio, é obrigação. Sonhar em ser o que quis e mais ainda o que não quis. A medida deles vem da sua modestia ou ousadia. Melhor que venha da sua vontade. Que deseje todos os dias e que a cada mês eles se renovem, acumulando mais e mais sonhos, até porque é de graça. Você tem passe livre para esse acúmulo, nele não há culpa. E tenha certeza alguns deles você irá conseguir. Não esqueça que para conseguir realizar seus sonhos, tem que ter um bocado de força e doses cavalais de dedicação, sim, talento para eles também, uma mente boa e uma espinha ereta também podem ajudar. E não se apegue em sonhar sonhos simples. Simplicidade é termo que não se aplica a eles. Voe e só volte quando achar que deve ou porque cumpriu o seu papel, ou porque outro chegou com mais urgência. Mas não esqueça, de uma forma geral o sonho cobra e esteja preparado para ser feliz, é importante saber lidar com a felicidade assim como a dor. Parece mais fácil, mas cuidado criança a felicidade deixa as pernas moles. Certa vez encontrei um amigo e ele me perguntou : E aí continua perseguindo seus sonhos? Na hora fiquei surpresa e sorri. Podia ter respondido sim porque cairia bem. Um dia eu entendi. E hoje eu sou uma perseguidora de sonhos, não os de padaria, mas os da alma.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Para um amor, Recife.

É um bem, um bem coletivo, mas seu, meu. Você divide com milhões de desconhecidos o bem, uns amam mais, outros menos, outras nada.É um bem que se pode pisar. Não dói, pisar nela é prova de amor. Estar nela custa felicidade pra mim. Ela é feminino porque é cidade, se usasse seu nome próprio seria um rapaz, então prefiro a delicadeza das moças. Recife é uma jovem senhora que envelhece criativa, ativa, altiva. É uma casa que se entra, onde alguém já foi feliz um dia, onde quem sabe, um dia eu também. É cor. Rói a vida pelos becos, roda a vida pelos barcos e gira meu coração. Vira o desejo, viva a simplicidade de corações curtidos queimados de sol e sal, nos sinais, nos canaviais. Na zona tem mata, mas que mata a fome de cablocos de lá. Outros cablocos de cá. Outros acolá, somos milhões de caboclos, a diferença é saber ficar. Nunca soube, nem saberei, minha febre precisa de frio, mas não anula a alegria e o afeto de pisar lá. Que foi o meu primeiro e mais terno olhar.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sobre o bem.

Luz, o olhar transparente é azul. De onde menos se espera, brota o afago, o amasso. Dores de amor que foram, felicidade que dá sinal e avisa pra você colocar o seu melhor vestido e abrir os sentidos. Sim, assim despretenciosa e doce, um lago claro e limpo, essa é a minha condução. Essa é a minha condição. A dor cega. A dor seca. A dor passa. Mas a vida, a sábia, te dá cinco chances aproximadamente, só não esgote com bobagens, crianças. Lá na frente você implorará por mais uma, duas ou até três. Pessoas que vão, pessoas que vem, mutação de querer, o quereres. Acredito no engano, ainda bem, ele me dá o direito de errar, mas no momento seguinte, acertar. Há uns dias andei negociando com meu coração, aberto a ofertas, as que me virem pelo avesso, apenas. Não quero morno, quero queimar. As palavras me entorpecem, até mais do que as cervejas de sempre. Gosto do bonito, alinhando com a bela roupa que vou tirar. Acho que sou movida a beleza, letras e doçura. Um tom macio de pele, um cheiro doce de voz. E assim eu me recrio e aos poucos volto a ser o que eu sempre fui, uma pessoa de pacto eterno com a felicidade. Agradecida.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A dores.

Era pra ser feliz. Éramos para a felicidade. Já que o acordo primeiro foi sempre enganar a tristeza. Ela sorrateira veio, me iludiu e machucou a menina. Descíamos a ladeira suja de uma rua do lado, pelo centro da cidade, eu cantarolava e ela ria, ela, do meu lado. A gente sempre tenta, somos metade tentativas, um terço erros e o que sobra desejo. A vontade agora era apagar. Mentira. A vontade agora era de recomeçar. Seja forte e sustente suas escolhas e sua opinião, só que com paixão e nunca permita que isso implique desespero ao seu amor, seu. A palavra maldita e a ação que não veio é a própria causa da angústia. Fui boa nisso por um tempo, mas agora não. Decidi. O que anda impresso na alma não te deixa e te alimenta. Escolha sempre alimentos leves, pois esse vai suprir tudo que você precisa e vai além. Espelhe -se nos maus exemplos, mas não julgue, você terá juízo, creio eu, para fazer melhor. Porque afinal de contas, é melhor ser par do que ímpar, você até pode ser por um tempo, mas não por infinitas primaveras. E depois, com o espírito arrematado de arrependimento e dor, não siga, pare. É que as vezes a gente precisa perder.