sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Elogio da mentita

Eu poderia escrever uma poesia, mesmo que fosse medíocre, tentaria pelo menos no último parágrafo transformar em algo doce . Mas agora outras coisas me agoniam os dedos e a alma. A sujeira dos rios, das ruas, das escolhas e do País. Eu me pergunto como nós nos acostumamos tanto a sermos tão massacrados diariamente, sorrindo, sambando, comprando um palio com prestações a perder de vista e dançando, cantando, ahh estamos muy felizes. O desapego que não se vê, a crença de dias melhores, os heróis que precisamos, mas pra que? Alguma coisa disso tem adiantado? Reclamar, mobilizar, parar? Infelizmente ainda estamos no jardim de infância quando se trata de persistência. Ainda somos facilmente manipulados e permitimos goela abaixo um punhado de desatinos. Basta um sorriso, um carnaval, uma fantasia, a propósito quando será mesmo a nossa próxima fuga da realidade? Páscoa? Temos urgências, temos vozes, mas não temos direção. Somos um gigante sem sentidos e força, sem tesão. Assistimos nas nossas "tvs de leds" a desgraça humana, a falência da vida alheia, assaltos morais e mortais e absolutamente a nossa grande preocupação é onde passar o próximo feriado, que aliás se aproxima. Eu também assumidamente estou nessa. E é uma pena, É assim que vejo e sinto, por preguiça ou egoísmo, por tédio ou comoção. Faço parte de uma massa, mas verdadeiramente queria ser parte integrante de uma minoria. Confesso que nem sei por onde começar, pelo menos acredito que alguma coisa fora da ordem estar. E sim, não me agrada, tô cansada, mas onde vamos parar?