terça-feira, 25 de setembro de 2012

Proibido pra mim

Pessoas vão, pessoas vem. O telefone ao lado toca compulsivamente, e eu só quero achar a porra da minha dignidade que anda perdida entre os lençois manchados de liquidos pegajosos e amarelados da noite anterior. Vejo pessoas do oitavo andar e num impulso atendo o telefone, ainda me resta um alô gentil. A animação do outro lado da linha, atiça minha ânsia de vômito, minhas mãos denunciam cores opacas e minhas unhas erguem esmaltes desbotados, vermelhos.Sigo. Levanto, penso, ando, consigo chegar na cozinha, fogão gorduroso, papel alumínio em pedações, traço, latas de cerveja que anteriormente me serviram de embelezadores alheios, vontade de espirrar, uma náusea se aproxima e eu como num ringue de box lutando, querendo, anoitece, preciso sair, preciso de ar, preciso pirar. Coloco os sapatos, num salto, pego a jaqueta, parto.O jogo começa, esperta, eu chego, sou contaminado por beijos tórridos, aqueles, mas no fundo nada disso importa, daqui a pouco quero que acabe, para amanhã quem sabe, recomeçar.