terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Para um amor, Recife.
É um bem, um bem coletivo, mas seu, meu. Você divide com milhões de desconhecidos o bem, uns amam mais, outros menos, outras nada.É um bem que se pode pisar. Não dói, pisar nela é prova de amor. Estar nela custa felicidade pra mim. Ela é feminino porque é cidade, se usasse seu nome próprio seria um rapaz, então prefiro a delicadeza das moças. Recife é uma jovem senhora que envelhece criativa, ativa, altiva. É uma casa que se entra, onde alguém já foi feliz um dia, onde quem sabe, um dia eu também. É cor. Rói a vida pelos becos, roda a vida pelos barcos e gira meu coração. Vira o desejo, viva a simplicidade de corações curtidos queimados de sol e sal, nos sinais, nos canaviais. Na zona tem mata, mas que mata a fome de cablocos de lá. Outros cablocos de cá. Outros acolá, somos milhões de caboclos, a diferença é saber ficar. Nunca soube, nem saberei, minha febre precisa de frio, mas não anula a alegria e o afeto de pisar lá. Que foi o meu primeiro e mais terno olhar.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Sobre o bem.
Luz, o olhar transparente é azul. De onde menos se espera, brota o afago, o amasso. Dores de amor que foram, felicidade que dá sinal e avisa pra você colocar o seu melhor vestido e abrir os sentidos. Sim, assim despretenciosa e doce, um lago claro e limpo, essa é a minha condução. Essa é a minha condição. A dor cega. A dor seca. A dor passa. Mas a vida, a sábia, te dá cinco chances aproximadamente, só não esgote com bobagens, crianças. Lá na frente você implorará por mais uma, duas ou até três. Pessoas que vão, pessoas que vem, mutação de querer, o quereres. Acredito no engano, ainda bem, ele me dá o direito de errar, mas no momento seguinte, acertar. Há uns dias andei negociando com meu coração, aberto a ofertas, as que me virem pelo avesso, apenas. Não quero morno, quero queimar. As palavras me entorpecem, até mais do que as cervejas de sempre. Gosto do bonito, alinhando com a bela roupa que vou tirar. Acho que sou movida a beleza, letras e doçura. Um tom macio de pele, um cheiro doce de voz. E assim eu me recrio e aos poucos volto a ser o que eu sempre fui, uma pessoa de pacto eterno com a felicidade. Agradecida.
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